ATA DA CENTÉSIMA QUADRAGÉSIMA QUINTA SESSÃO ORDINÁRIA DA TERCEIRA SESSÃO
LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 16.10.1991.
Aos dezesseis dias do mês de outubro do ano de mil novecentos e noventa e
um reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal
de Porto Alegre, em sua Centésima Quadragésima Quinta Sessão Ordinária da
Terceira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às quatorze horas
e quinze minutos foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos
Vereadores Adroaldo Correa, Antonio Hohlfeldt, Artur Zanella, Clóvis Brum,
Clóvis Ilgenfritz, Cyro Martini, Décio Schauren, Dilamar Machado, Edi Morelli,
Elói Guimarães, Ervino Besson, Isaac Ainhorn, Jaques Machado, João Dib, João
Motta, José Alvarenga, José Valdir, Lauro Hagemann, Leão de Medeiros, Letícia
Arruda, Luiz Braz, Luiz Machado, Mano José, Nelson Castan, Nereu D'Ávila, Omar
Ferri, Vicente Dutra, Vieira da Cunha, Wilson Santos e Wilton Araújo.
Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou
abertos os trabalhos e solicitou ao Vereador Mano José que procedesse à leitura
de trecho da Bíblia. Após, o Senhor Secretário procedeu à leitura da Ata da
Centésima Quadragésima Quarta Sessão Ordinária e da Ata da Trigésima Sexta
Sessão Solene, que foram aprovadas. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador
Clóvis Ilgenfritz, 01 Substitutivo ao Projeto de Lei Complementar do
Legislativo nº 32/90 (Processo nº 2172/90) e 01 Pedido de Providências; pelo
Vereador Ervino Besson, 03 Pedidos de Providências; pelo Vereador Isaac
Ainhorn, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Luiz Machado, 01 Pedido de
Providências; e pelo Vereador Vicente Dutra, 01 Pedido de Providências. Do
EXPEDIENTE constou Ofício-Circular nº 13/91, do Conselho Regional de Engenharia,
Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo - CONFEA/CREAs. Na oportunidade,
o Senhor Presidente informou que o espaço destinado à Tribuna Popular, nesta
Sessão, solicitado pela Central Única dos Trabalhadores do Estado do Rio Grande
do Sul - CUT, deixaria de ser utilizado face à ausência de representantes dessa
Entidade. Em COMUNICAÇÃO DE PRESIDÊNCIA, o Vereador Antonio Hohlfeldt
cientificou, prestando contas de sua participação, em Passo Fundo, do I
Seminário Preparatório aos Quinhentos Anos de Conquista e Dominação da América
Latina. Falou sobre alternativas de culturas no interior do Estado, dizendo que
os Prefeitos Municipais estão preocupados com os problemas desses municípios
que fazem fronteira com a Argentina. Comentou, também, sobre a instalação da
Central Telefônica nesta Casa, que estará em funcionamento dentro de quinze
dias, convidando os Senhores Vereadores para a próxima semana, durante uma
Sessão Especial para orientação e preparo ao uso dos novos telefones. Informou,
ainda, que quinta-feira próxima a Câmara fará doação de equipamento
pré-cardíaco ao Hospital de Pronto Socorro na Zona Sul. Em COMUNICAÇÃO DE
LÍDER, o Vereador Wilson Santos reportou-se sobre revista elaborada pela
Associação dos Funcionários do Banco Central, sobre AIDS, intitulada "Só
está bem protegido quem está bem informado", com linguagem própria e
clara. E, ainda, comunicou sua candidatura à Prefeitura Municipal de Porto
Alegre para a próxima eleição. O Vereador João Dib referiu-se ao pronunciamento
do Vereador Wilson Santos que se candidata à eleição para Prefeito Municipal de
Porto Alegre, dizendo que a democracia deve ser respeitada, de acordo com as
palavras do Senhor Tarso Genro, criticando a atuação do Vice-Prefeito quando da
chegada dos colonos-sem-terra e na entrega da chave da Cidade aos mesmos. O
Vereador Clóvis Ilgenfritz manifestou-se, em nome da Administração Municipal e
do PT, solidarizando-se ao Projeto SOS Vida, em que ao longo do tempo é
reivindicada terra para trabalhar, afirmando ser imprescindível melhorar as
condições de vida dos colonos que vêm fazendo caminhadas de quilômetros. Na
oportunidade, foram aprovados Requerimentos verbais dos Vereadores Dilamar
Machado, solicitando a inversão na ordem dos trabalhos, e Leão de Medeiros,
solicitando que dentro da Ordem do Dia seja votado o Veto e após os
Requerimentos. Na ocasião, o Senhor Presidente respondeu Questão de Ordem do
Vereador Luiz Braz quanto à ordem de votação das matérias da presente Sessão.
Às quinze horas e trinta e um minutos, os trabalhos foram suspensos, nos termos
do artigo 84, III, do Regimento Interno. Às quinze horas e trinta e três
minutos, foram reabertos os trabalhos, após verificada a existência de
"quorum", e iniciada a ORDEM DO DIA. A seguir, foi aprovado
Requerimento do Vereador Giovani Gregol, solicitando Licença para Tratar de
Interesses Particulares, no dia de hoje. Em prosseguimento, o Senhor Presidente
declarou empossado na Vereança o Suplente Heriberto Back e, informando que Sua
Excelência já prestou compromisso regimental nesta Legislatura, ficando
dispensado de fazê-lo, comunicou-lhe que passaria a integrar a Comissão de
Saúde e Meio Ambiente. Em Discussão Geral e Votação Nominal foi rejeitado o
Projeto de Lei do Legislativo nº 38/91, mantendo-se o Veto Total a ele aposto,
por dez Votos SIM contra doze Votos NÃO e quatro ABSTENÇÕES, após ter sido
discutido pelos Vereadores Luiz Machado, Vieira da Cunha, Artur Zanella, Luiz
Braz, João Dib e João Motta e encaminhado à votação pelo Vereador Lauro
Hagemann. Com relação a este Projeto, votaram Sim os Vereadores Cyro Martini,
Dilamar Machado, Elói Guimarães, Ervino Besson, Isaac Ainhorn, Luiz Braz, Luiz
Machado, Nereu D'Ávila, Vieira da Cunha e Wilton Araújo, votaram Não os
Vereadores Antonio Hohlfeldt, Clóvis Ilgenfritz, Artur Zanella, Décio Schauren,
João Motta, José Alvarenga, José Valdir, Lauro Hagemann, Leão de Medeiros, este
com Declaração de Voto, Adroaldo Correa, Heriberto Back e João Dib, e optaram
pela Abstenção os Vereadores Mano José, Clóvis Brum, Edi Morelli e Vicente
Dutra. A seguir, foram aprovados os seguintes Requerimentos: do Vereador Artur
Zanella, de Votos de Congratulações com a Cooperativa Industrial Mecânica dos
Trabalhadores na Wallig Sul Ltda., COOMEC, por estar completando sete anos de
atividades; com as pessoas relacionadas em anexo ao Requerimento, por terem
recebido da RBS o Troféu Gaúcho Honorário; de Votos de Pesar pelos falecimentos
de Odécio dos Santos; de Ivo Pujol; de Naio Lopes de Almeida; de Christiano
Batista Kruel; do Vereador Edi Morelli, de Voto de Congratulações com a Escola
de 1º e 2º Graus Padre João Calábria, pela passagem de seus trinta anos de
fundação; do Vereador Giovani Gregol, de Voto de Congratulações com o Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e Comissão Pastoral da Terra, pelo
recebimento do Prêmio Nobel Alternativo; do Vereador Isaac Ainhorn, de Voto de
Congratulações com o 1º Tenente PM Jones Calixtrato Barreto dos Santos, por ter
assumido o Comando da 3ª Cia. do 9º BPM; de Voto Pesar pelo falecimento do
Engenheiro Leo Schapoval; do Vereador Leão de Medeiros, de Voto de
Congratulações com o Sindicato dos Corretores de Seguros e Capitalização do Rio
Grande do Sul, pelo transcurso do Dia do Corretor de Seguros; de Votos de Pesar
pelos falecimentos do Investigador Luiz Cornelius; de Delta Selistre da Silva;
de Darcy Gomes Prange; do Patrulheiro Rodoviário Federal Carlos Edmundo Telles;
do Vereador Mano José, de Voto de Congratulações com o Hospital Moinhos de
Vento, pela passagem de seu aniversário de fundação; do Vereador Vicente Dutra,
de Voto de Congratulações com a Comissão Organizadora do lº Seminário de
Aparelhos a Gás do Cone Sul, pela realização do mesmo. A seguir, o Senhor
Presidente respondeu Questões de Ordem dos Vereadores Luiz Braz, Clóvis Brum e
Jaques Machado, acerca de Requerimento do Vereador Luiz Braz, de Moção de
Repúdio ao Panfleto "Não tenha medo da AIDS", distribuído pela
Administração Municipal e do Parecer da Comissão de Justiça e Redação quanto a
esse Requerimento. Na ocasião, os trabalhos estiveram suspensos por dezoito
minutos, nos termos regimentais. A seguir, foi apregoado Requerimento do
Vereador Luiz Braz, solicitando a manifestação do repúdio desta Casa à
Administração Popular, pela veiculação do panfleto da Associação Contra a AIDS,
incentivando o uso de drogas e facilitando o aumento do seu consumo pela
população. Na ocasião, foi efetuada nova verificação de "quorum", por
solicitação do Vereador Clóvis Brum, e, constatada a inexistência de
"quorum", o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos às
dezessete horas e vinte minutos, convocando os Senhores Vereadores para a
Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos
pelos Vereadores Antonio Hohlfeldt, Omar Ferri e Wilson Santos e secretariados
pelo Vereador Leão de Medeiros. Do que eu, Leão de Medeiros, 1º Secretário,
determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e
aprovada, será assinada pelo Senhor Presidente e por mim.
O SR. PRESIDENTE (Antonio
Hohlfeldt): Estão abertos os trabalhos da presente Sessão. Nós tínhamos a previsão
da Tribuna Popular, solicitada pela Central Única de Trabalhadores, mas como o
representante da CUT não se encontra na Casa neste momento, nós consideramos
vencido este momento e passamos, imediatamente, ao período de Grande
Expediente.
Solicitaria ao Ver. Omar Ferri que assumisse a Presidência dos trabalhos para que este Presidente possa usar o tempo de Presidente, dirigindo-se ao Plenário.
O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente,
antes de V. Exª utilizar o tempo de Presidência, queria requerer à Mesa a
inversão dos trabalhos, para que iniciássemos diretamente com a Ordem do Dia.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa recebe
seu Requerimento e colocará em votação, imediatamente após o meu
pronunciamento. Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Omar
Ferri): Com a palavra o Ver. Antonio Hohlfeldt, que fará uma comunicação de
Presidência.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente
dos trabalhos, Ver. Omar Ferri, Srs. Vereadores. Em primeiro lugar, eu quero
cientificar e prestar contas de que no final de semana estive na Cidade de
Passo Fundo, atendendo a um convite da Universidade de Passo Fundo, para
participar do primeiro seminário de que tenho notícias - e é, por isso mesmo,
um seminário preparatório - aos quinhentos anos da conquista e dominação da
América Latina. O seminário teve uma qualificação internacional, inclusive com
representantes do México, da Argentina, da Venezuela e do Brasil e, aí, atuamos
numa palestra, na sexta-feira à tarde.
Posteriormente, comparecemos a um primeiro
encontro internacional de colonos sem-terra e de proprietários rurais atingidos
pelas barragens do Rio Uruguai, que reuniu cidadãos do Brasil e da Argentina na
Cidade de San Javier, na fronteira da Argentina com o Brasil, justamente em
frente da Cidade de Porto Xavier, cidade gaúcha. Nesse encontro, que teve a
participação de cerca de três mil pessoas, com uma presença significativa de
brasileiros, com o apoio da municipalidade de San Javier, que é o município que
se destina a desaparecer completamente do mapa da Argentina, da mesma maneira
que Porto Xavier, no Rio Grande do Sul, foram dados alguns encaminhamentos,
inclusive a mobilização dos pequenos proprietários rurais daquela região, tanto
brasileira como argentina, no sentido de se buscarem projetos alternativos à
questão das barragens do Rio Uruguai, que vai efetivamente acabar com milhares
de propriedades rurais de pequeno porte.
Inclusive, nos marcou bastante o fato de que a
Cidade de Porto Xavier, no lado brasileiro, é uma Cidade marcada – se é que se
pode falar dentro da crise brasileira –, pelo progresso, já que toda pequena
propriedade ali tem uma produção significativa de trigo, neste momento,
alternativa da soja ou de várias culturas de alimentos imediatos para a
população. É uma Cidade, portanto, em desenvolvimento. E ao contrário, San
Javier, hoje, é quase uma Cidade fantasma, com casas já derrubadas em que
apenas os pisos ficam como marca da Cidade e o mato tomando conta, uma Cidade
extremamente pobre onde, inclusive, tanto o Prefeito atual quanto o Prefeito já
eleito, que tomará posse em dezembro, se manifestaram preocupados, porque San
Javier é uma Cidade extremamente mais pobre do que Porto Xavier, porque esta
área da Argentina é uma área pobre, é uma área quase miserável. E a barragem que
aí se construir realmente vai deslocar pessoas que certamente não terão
condições de sobreviver ou de se reorganizar em outras áreas da Argentina ou,
enfim, de qualquer outro país que venham a escolher.
Por outro lado, em Porto Xavier, Ver. Edi
Morelli, nos chocou vermos casas extremamente bem construídas, bem acabadas,
onde talvez cidadãos de classe média ou colonos que deram certo, que têm sua
pequena propriedade rural, investiram ali toda a sua vida, todo o seu dinheiro,
toda sua poupança e que de uma maneira, de uma hora para outra vão ver a água
tomar conta disso. E os jornais de hoje informam isto, eu não acredito que a
Eletrosul, nas indenizações, venha a indenizar num valor suficiente que este
cidadão consiga construir uma outra casa semelhante, no futuro, em outra região
do Rio Grande do Sul ou qualquer outra parte do Brasil.
Portanto, é um panorama triste sabermos que o
progresso, por vez, exige o sumiço de certas cidades. Mas de qualquer maneira é
triste a gente ver cidades com progresso, como é Porto Xavier, ou vermos
cidades quase fantasma como é San Javier, realmente condenadas ao
desaparecimento. Elas vão ser absolutamente invadidas, tomadas e cobertas pelas
águas. Portanto, este encontro foi o primeiro encontro binacional que se fez de
pequenos proprietários rurais, Brasil e Argentina. Parece-me interessante, e
dentro daquela perspectiva que eu abordava na semana passada em relação aos
colonos sem-terra, é um problema que está lá, distante de nós 700 ou 800
quilômetros, mas é um problema que se reflete em Porto Alegre, que certamente
alguns desses que, desapropriados, serão pessoas que vão acabar marginalizadas
aqui em Porto Alegre, aumentando os nossos problemas aqui da Capital.
Srs. Vereadores, eu quero me ocupar, agora, de
questões da Câmara Municipal, e gostaria de pedir a atenção dos Srs.
Vereadores. Os Srs. Vereadores sabem que a Mesa Diretora, dentro da sua
administração atual, buscou o encaminhamento de um problema que existe há mais
de uma década, na Casa, que é a central telefônica. Nós compramos uma
eletrônica digital, a mesa está instalada e deverá estar em funcionamento nos
próximos quinze dias. A mesa, no entanto, tem uma tecnologia absolutamente
nova, uma tecnologia sofisticada e que irá exigir de nós, Vereadores e
funcionários, um preparo específico, eu não diria um cursinho, mas certamente
um preparo específico. Estamos, portanto, de público, convocando os Srs.
Vereadores para uma reunião, na próxima semana, que será acertada com a empresa
que instalou a mesa, da qual compramos esta mesa e deverá estar marcada para
quinta-feira, pela manhã, onde teremos durante toda manhã uma sessão especial
para orientação e preparo dos Srs. Vereadores em relação aos novos telefones.
Os números dos Srs. Vereadores serão os mesmos, mas há uma série de códigos de
segurança, por exemplo, o Vereador que quiser trancar o seu telefone não
precisará mais utilizar o cadeado ou coisa parecida, ele agilizará um código e
este código, automaticamente, trancará o telefone, salvo ligações a receber.
Então, há uma série de programações, todas elas computadorizadas. Na reunião
que pretendemos fazer com os assessores técnicos da empresa, nós projetaremos
um vídeo sobre o trabalho desta mesa telefônica e a equipe que foi montada na
Casa para a instalação desta mesa fará uma exposição ampla aos Srs. Vereadores,
aos chefes de gabinetes, para que os Srs. Vereadores estejam preparados para
quando formos desligar a mesa velha e ligar a mesa nova e, evidentemente, vai
modificar uma série de procedimentos tradicionais que nós usamos hoje, seja
através do PABX, seja através das linhas diretas que os Srs. Vereadores detêm.
Então, queremos deixar isso registrado aqui, de
público, chamando a atenção dos companheiros que este será um passo
extremamente importante para a Casa, no sentido da modernização e, sobretudo,
da agilização das nossas comunicações internas e externas. Não vamos ter mais
aquele problema vivido de discar o número interno e bater em outro lugar, ou de
uma linha externa dirigida a um gabinete e acabar parando em outro gabinete, ou
coisa desse tipo. Além do que, o Ver. Isaac lembra, o fax está instalado e para
a semana que vem nós teremos a portaria determinando toda a organização de
utilização do fax, a ser colocado à disposição dos gabinetes dos Srs. Vereadores.
Em contrapartida e orientado pelo Ver. Mano José,
que ninguém melhor do que ele poderia nos ajudar nisso, nós, na terça-feira que
vem, faremos doação do equipamento que esta Casa comprou há anos, equipamento
extremamente sofisticado e que jamais foi usado pela Casa até hoje, felizmente,
até, mas jamais foi usado, e que na avaliação do médico, do Dr. Mano José,
nosso companheiro Vereador, não tem por que ficar na Casa, quando pode ser mais
útil em outra estrutura. Nós faremos doação de um equipamento pré-cardíaco ao
Hospital de Pronto Socorro, que vai instalá-lo no Hospital de Pronto Socorro da
Zona Sul, Ver. Ervino Besson. Com isso acho que também a Câmara vai dar a sua
contribuição, nós teremos equipamento básico para cardíacos na Casa, que ele
existe, não vamos correr risco de ter aí alguém com problema cardíaco e morrer
porque não foi socorrido a tempo, como aconteceu na Câmara Federal há poucos
dias. Mas este equipamento sofisticado que há mais de seis anos está parado
aqui na Casa, nós achamos que por responsabilidade pública não deveria ficar
aqui, deveria ser colocado à disposição da comunidade. E, portanto, estamos
repassando esse equipamento que foi comprado com o dinheiro público para o HPS
da Zona Sul, numa cerimônia simples, extremamente objetiva, que vai ocorrer na
terça-feira que vem, às 15 horas, lá no próprio HPS, e para o qual queremos
convidar os Srs. Vereadores.
Para completar, eu quero dizer aos Srs.
Vereadores que vieram falar comigo, dizer que já vi e já me rebelei contra a
derrubada da placa da Câmara de Vereadores ali na entrada, no nosso acesso, e a
colocação da placa do Galpão Crioulo. Eu já fiz contato com a SMAM para saber
se houve um processo regular para colocação daquela placa. E, caso contrário,
eu quero convidar os Srs. Vereadores para no final da tarde de hoje – nós
pretendemos, com acompanhamento de funcionários – derrubar as duas placas e
recolocar a placa da Câmara de Vereadores. Entendemos que aqui é uma agressão à
Câmara de Vereadores, é uma agressão à Cidade e não vamos tolerar aquele tipo
de coisa. E já que derrubaram a nossa, nós vamos com muito mais sentido e
objetividade derrubar aquelas placas do Galpão e recolocar a placa da Câmara de
Vereadores.
O Sr. João Dib: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Não derrubaram placa nenhuma, foi o vento.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Que tenha sido
o vento. Aquelas placas ali são um desrespeito a esta Casa, porque elas indicam
o Galpão e não a Casa. Ao menos à Casa não comunicaram nada. Nós pedimos
orientação da SMAM e se ela me disser que existe um processo eu vou
contra-argumentar. Mas como eu desconfio que não há processo, eu pretendo tomar
uma medida bastante rápida e objetiva: retirar as placas e depois a gente
conversa, porque eu acho que é uma falta de respeito em relação à Casa a
colocação daquelas placas, inclusive tirando a visibilidade de motoristas e de
pedestres e colocando em risco a segurança das pessoas, que é o que mais me
preocupa.
O Sr. Ervino Besson: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Por favor, eu gostaria que V. Exª
informasse onde é que vai ser instalado esse aparelho para doentes cardíacos na
Zona Sul. Qual o hospital?
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Parece-me que é
o HPS da Zona Sul, Hospital Vila Nova. Esta é a informação que eu recebi da Srª
Secretária Maria Luíza Jaeger.
O Sr. Ervino Besson: Qual o dia em
que vai ser instalado?
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Terça-feira que
vem nós vamos entregar o equipamento.
O Sr. Vicente Dutra: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) O HPS da Zona Sul funciona anexo ao Posto
da Vila dos Comerciários.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: V. Exª está
correto. O HPS da Zona Sul está funcionando no PAM-3 anexo ao Posto do INAMPS;
é neste posto. Eu recebi o aviso por terceiros e não havia ainda confirmado,
mas está correto.
A mesa telefônica, na semana que vem, o FAX e a
doação desse equipamento. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o
Ver. Wilson Santos.
O SR. WILSON SANTOS: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu quero exibir para o Plenário esta verdadeira maravilha: gibi da Aids, "Só está bem protegido quem está bem informado". Algo, assim, de empolgar pela singeleza, pelo farto material ilustrativo que, realmente, quem lê está informado, protegido da Aids, sem linguagem de baixo calão. Eu trago porque há uma polêmica nesta Cidade, aqui o sinal vermelho para Aids, o sinal verde, todos os sintomas da Aids, todas as medida do relacionamento sexual. Então, é um exemplo de que o Banco Central, a Associação dos Funcionários e toda a fonte de bibliografia que foi consultada, é um exemplo que trago aqui, e vou mandar reproduzir e colocar à disposição dos Vereadores, vou incentivar, instigar as autoridades públicas municipais, estaduais e federais que se espelhem nesse exemplo de Zeni Niehues, mas foi apoiado pela Associação dos Servidores do Banco Central, Diretoria Nacional. Não vou me alongar, e lendo isto aqui, se vê que tem exemplos de alto nível e que é preciso informar para evitar o mal da Aids.
Em segundo lugar, aproveito os minutos finais para dizer do orgulho que tenho de ter sido lançado pelas zonais de Porto Alegre, pela liderança do Partido, em reunião, segunda-feira à noite, como candidato a Prefeito desta Cidade. Eu sinto, talvez, o mesmo orgulho de quem vive a estreita ligação com a causa municipalista, por isso eu devo imaginar a alegria que tem o Ver. João Antonio Dib, que é um exemplo de exercício de política municipalista, o orgulho que deve ter o colega Carlos Eduardo Vieira da Cunha, porque está intimamente ligado com as coisas desta Cidade.
Eu recebi uma manifestação de
correligionários, que é um reconhecimento, isto remunera o espírito e a alma de
quem trabalha com garra, com tenacidade voltada às causas do Município.
Evidentemente que sou pré-candidato, sou candidato a candidato, mas recebi esta
manifestação carinhosa com muita substância, assumi a condição. Eu sei que dá
para se medir a importância desta iniciativa, até se medir o tamanho do
orçamento de Porto Alegre, um orçamento de 168 bilhões de cruzeiros, só na
Administração Direta 90 bilhões; há recursos, e nós que estamos analisando o
Orçamento, há recursos desde que estabelecida uma política séria, olho no olho,
cara a cara, com racionalização e serenidade de aplicação para uma contraprestação de
serviços para esta população. É um grande desafio. Porto Alegre necessita de um
programa bem definido, judiciosamente estudado. Estamos estudando seriamente.
Já iniciamos os estudos profundos de toda a reformulação viária do sistema
desta Cidade. Sabemos, todos, a importância do sistema viário de Porto Alegre e
o muito que se pode fazer para incentivar a instalação de indústrias e o
aumento da capacidade de comércio do município em convênio com o Estado e com a
Federação. Podemos dar uma resposta a esta Cidade de cerca de um milhão,
duzentos mil habitantes, que cresce e está parada economicamente.
Independente disso, nós teremos condições de
valorizar todo o contribuinte que paga uma pesada carga de impostos, de tarifas
e que deve ter uma contraprestação de serviços altamente classificados, com
ruas bem calçadas, buracos tapados, com esgoto pluvial que funcione, para não
viver as agruras dos alagamentos. Porque quem paga quer contraprestação
imediata.
Sr. Presidente, eu tive tão pouco tempo para
falar, mas muito orgulho para dar uma resposta à altura a todos os meus
correligionários, que confiaram em mim e me permitiram vir a esta tribuna para
falar em nome do PL. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A palavra com o Ver.
João Dib.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, ontem foi o Dia do Professor, mas nós homenageamos alguns dos
professores, porém têm outros que, pelas ruas da Cidade, todos os dias, nos
ensinam alguma coisa.
Hoje, ouvindo um candidato a candidato a Prefeito,
eu aprendi um monte de coisas: em primeiro lugar, a democracia deve ser
respeitada e eu, de imediato, concordei com o Dr. Tarso Fernando: democracia
tem que ser respeitada. Devo esclarecer que ele fez uma intervenção, depois de
uma afirmação minha, de que o Prefeito não deveria ter entregado a chave da
Cidade aos "ditos" colonos sem-terras. Mas o meu professor de
democracia de hoje, Dr. Tarso Fernando, também disse, textualmente, que deve
haver respeito à ordem pública e ao funcionamento da Cidade. Eu gostaria de ver
a Avenida Farrapos com o Prefeito da Cidade, entregando a chave aos eméritos,
mas, aí, dizia mais S. Exª o Professor Dr. Tarso Fernando, candidato a
candidato a Prefeito: a Prefeitura tem o dever de fazer respeitar o direito de
cada um. Mas, onde fica o tal de direito de transitar nas ruas que nós pagamos
impostos para que elas existam? Mas o Dr. Tarso Fernando diz que não é bem
assim. O Dr. Tarso Fernando fez, até, uma viagem para a Europa para se
especializar e vir falando melhor. Mas o Dr. Tarso Fernando me ensinou mais
alguma coisa. Olha que eu sou bom aluno, e copiei tudo para não ter dúvida. O
direito do colono de se manifestar e o direito da cidadania se movimentar nas
vias públicas devem ser respeitados. E, daí, quando os ilustrados cidadãos
colonos, porque cidadania são todos, mas os cidadãos colonos, não atendendo ao
apelo da polícia rodoviária resolveram parar a BR-116 e também a estrada de
Guaíba-Tapes, onde é que estava a cidadania do Dr. Tarso Fernando, que diz que
o Prefeito, num ato magnânimo, estava mostrando que estava solidário com os
agricultores sem-terra? A mesma solidariedade que ele emprestou ali na Praça da
Matriz, quando, saindo dali, mataram de forma violenta alguém que não tinha
nada com o acontecimento, apenas porque vestia uma farda, por certo pertencia à
cidadania, e que, imediatamente, acolhe-os de braços abertos, barbeou-os,
pintou-os e depois de horas e horas ali, eles foram saindo tranqüilamente da
Prefeitura.
Então, esta história de democracia, cidadania,
para alguns que criticam o passado é porque é bom para eles criticarem; pois é
difícil dizer esta, que o direito do colono se manifestar e o direito da
cidadania se movimentar nas vias públicas devem ser preservados. Ora, Dr. Tarso
Fernando Genro, ilustre candidato a candidato a Prefeito, é difícil lhe
entender, este aluno ficou atrapalhado, tão atrapalhado quando leu as
declarações do eminente e honrado Ver. Dilamar Machado, que o seu candidato,
candidato a candidato, mais um, não é um político viciado. Como é difícil
entender que eu, candidato a Prefeito pelo PDS, seja um político viciado, claro
que eu não sou. Até porque eu sempre coloquei duas coisas nesta tribuna: eu sou
um político com formação técnica, lá no Executivo, eu sou um técnico com
sensibilidade política. Ver. Dilamar Machado, a política é uma das coisas mais
bonitas que eu já conheci e sei que V. Exª faz juz ao título de bom político.
Muito Obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Há um Requerimento, de
autoria do Ver. Dilamar Machado, solicitando a inversão dos trabalhos,
passando-se diretamente à Ordem do Dia e, posteriormente, ao Grande Expediente.
O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Sr. Presidente,
sei que já fiz a pergunta pessoalmente a V. Exª, mas faço também em Questão de Ordem:
quando da Ordem do Dia, no momento em que votarmos os Requerimentos, pergunto
se seria possível votar a nossa Moção com referência ao panfleto sobre a Aids,
porque já temos o Parecer da Comissão de Justiça, e está pronto para ser
votado. Como é um caso momentoso e seguidamente somos cobrados por um
posicionamento, pergunto se é possível a sua votação na tarde de hoje?
O SR. PRESIDENTE: Vou responder o que
particularmente já disse a V. Exª: quinta-feira é que a Mesa organiza a Ordem
do Dia. O Requerimento votado na Comissão de Justiça não chegou à Mesa até
quinta-feira às 18 horas. Se houver decisão do Plenário em votar hoje, não há
óbice.
O SR. LUIZ BRAZ: Então, requeiro a V.
Exª que a Moção seja votada hoje.
O SR. PRESIDENTE: O Requerimento de V. Exª
será votado oportunamente.
O SR. LEÃO DE MEDEIROS (Questão de Ordem): Sr. Presidente,
requeiro que, uma vez aprovado o Requerimento do Ver. Dilamar Machado, que
propõe a inversão da ordem dos trabalhos, que, na Ordem do Dia, iniciemos pela
votação dos Requerimentos, desde que não seja pedido destaque.
O SR. PRESIDENTE: Vou colaborar com V.
Exª, encaminhando um pouco diferente: os Requerimentos em destaque saem fora,
ficando apenas os sem destaque. Mas a Diretoria Legislativa informa que somente
após o Veto, pois este tem o privilégio absoluto.
Com a palavra o Ver. Clovis Ilgenfritz.
O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, trazemos, em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores, em none
do Partido do Governo, da Administração Popular, a nossa saudação, o nosso
apoio e a nossa irrestrita solidariedade ao Movimento SOS Vida, que hoje chega
a Porto Alegre depois de uma caminhada de 530 quilômetros, de duas caminhadas,
de colonos que estão há vários anos no nosso Estado, o que não é uma luta de
hoje. Eles estão há tempo, em nosso Estado, à espera e na busca de solução para
o grave problema da terra para trabalhar, para morar.
Nós participamos junto às entidades, políticos,
representantes da sociedade civil, de uma solenidade de entrega da chave da
cidade aos coordenadores desse movimento pacífico, ordeiro e legítimo. Assim,
temos que tomar consciência da sua gravidade e da necessidade de unir os
esforços de todos para que sejam encaminhadas soluções que são urgentes e
emergentes. Nós sabemos que a entrega da chave, pelo Prefeito Olívio Dutra e
por todas autoridades municipais, é um ato simbólico e, ao mesmo tempo, é um
alerta a todos os demais poderes para que se unam a essa visão construtiva
desse processo, que não tratem a questão dos sem-terra, do pequeno agricultor,
da falta de uma política agrícola, da falta de crédito de preços, dos baixos
salários do trabalhador na cidade, como questão de polícia.
Eu sou testemunha, Ver. João Dib, eu participei
daquele ato, cheguei atrasado, mas com orgulho e tenho certeza de que se V. Exª
estivesse lá iria enxergar na face daquela gente toda uma enorme angústia. Não
venham me dizer que esse movimento é fabricado, é político, etc. É um movimento
político, sim, mas para atender necessidades sociais fundamentais da dignidade
humana. E nós vivemos isso! Enquanto o Papa visita cidades brasileiras e
escondem os pivetes e os meninos de rua para que o Papa não os veja, escondem
os favelados para que o Papa não os veja, nós estamos aqui, cristãmente lutando
para que as soluções venham.
O SOS Vida tem o apoio do PT e tenho certeza de
que tem o apoio dos demais partidos que estão conosco na administração. Nós não
queremos forçar soluções, porque as soluções existem e não precisam ser
forçadas. Nós sabemos, temos consciência e falamos aqui, com a maior
fraternidade, com os companheiros do PDT que estão no Governo Estadual, que o
Governo Estadual, sozinho, também não tem condições de resolver, mas se o
Governador Collares assumir a postura que foi assumida por Olivio Dutra, não de
insuflar os trabalhadores contra o Estado ou contra as entidades, mas de fazer
com que as entidades ouçam, busquem soluções e se somem, porque o Governador,
seguramente, está interessado em resolver este problema, ninguém duvida disto.
Agora, tem que mostrar na prática; tem que mostrar para valer; tem que dar o
exemplo e tem que chamar o Governo Federal, o INCRA a buscar soluções.
Nós somos solidários com o movimento SOS Vida e
contra o emendão, por melhores salários, por melhor educação, por terra para os
agricultores, por mais crédito para produção, por mais saúde, por moradia
popular. Nós queríamos agradecer a compreensão dos companheiros Vereadores e
sabemos que vai haver esta compreensão. E que a Brigada não precisa ficar tão
assustada assim. Em cada quarterão tinha quinze, vinte brigadianos; até estava
bonito, porque todos com uniformes novos, bonitinhos, passados, aquilo estava
bonito, mas que seja para ajudar os agricultores a achar uma solução, e não
para reprimir.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Srs. Vereadores, nós
colocamos em votação, primeiramente, o Requerimento do Ver. Dilamar Machado,
para alterar a ordem dos trabalhos, passando-se diretamente para a Ordem do
Dia, seguindo-se Pauta, Grande Expediente, Comunicações e Explicações Pessoais.
Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o
aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Nós colocamos em votação o Requerimento do Ver.
Leão de Medeiros, para que na Ordem do Dia se votem preliminarmente e após o
Veto, por definição regimental, os Requerimentos, com ressalva daqueles que
receberem destaque.
Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o
aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Solicito ao Sr. Secretário que faça a chamada
para verificação de “quorum”.
O SR. SECRETÁRIO: (Procede à chamada para
verificação de “quorum”.) Sr. Presidente, 21 Vereadores em Plenário. Há
“quorum”.
O SR. PRESIDENTE: Passamos à
ORDEM
DO DIA
DISCUSSÃO
GERAL E VOTAÇÃO NOMINAL
PROC. Nº
0624/91 - VETO TOTAL ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 038/91,
de autoria do Ver. Luiz Machado, que autoriza o Executivo Municipal a
arredondar o valor da tarifa do transporte coletivo, quando houver comprovada
dificuldade para o fornecimento do troco.
Pareceres:
- da CJR. Relator Ver. Isaac Ainhorn: pela rejeição do Veto Total;
- da CFO. Relator Ver. Luiz Braz: pela rejeção do Veto Total;
- da CEDECON. Relator Ver. Wilson Santos: pela manutenção do Veto
Total.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº
038/91, com Veto Total. A palavra com o Ver. Luiz Machado. V. Exª tem dez
minutos.
O SR. LUIZ MACHADO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, não era minha intenção usar a tribuna neste momento. Eu achava até
que teria unanimidade, seriam poucos Veredores que votariam a favor do Veto do
Prefeito; contra o Veto, quem sabe a maioria. Mas o nobre Dr. Pedro Ruas,
ex-Vereador, discutindo no rádio, na televisão, na imprensa escrita e falada, é
evidente que não teve o gesto de grandeza que compartilham os homens públicos
que querem o bem da sociedade, que querem conversar, dialogar com quem
apresentou o Projeto, com quem teve o Projeto aprovado aqui nesta Casa,
trocarmos idéias e saber do conteúdo de todas as Emendas que estão embutidas
neste processo. Ele ficou debatendo sozinho nos meios de comunicação, não
procurando o companheiro para saber que tem Emendas e que é resguardada a Lei
do Troco.
Lamentavelmente, sou obrigado a dizer que não se
faz isso com colegas, isso não é coleguismo, por isso não é grandiosidade, não
é assim que se constrói o bem da coletividade. Mas, agora, entrando o assunto
diretamente, que é o Veto do Sr. Prefeito a este Projeto, eu quero antes de
conceder o aparte ao Ver. Luiz Braz dizer que não entra em conflito com a Lei
do Troco, a Lei nº 6.075. Portanto, é equívoco do Sr. Pedro Ruas dizer que
entra em conflito este Projeto aprovado, foi aprovado e, por certo, esta Casa
derrubará o Veto.
O Sr. Luiz Braz: V. Exª permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Luiz Machado, eu tenho realmente uma
alta consideração, tanto pelo ex-Vereador desta Casa, Pedro Ruas, como por V.
Exª, e acredito que tanto o Projeto do Ver. Pedro Ruas, que já é Lei, como o
Projeto de V. Exª tem realmente mérito. Tanto é que fui Relator pela Comissão
de Finanças da primeira vez, quando o seu Projeto tramitou nesta Casa, e,
agora, que ele vem em forma de Veto. E nas duas vezes eu dei Parecer favorável
ao Projeto, dizendo que uma idéia não invalida a outra. Porque no Projeto do
Ver. Pedro Ruas quando não existe troco, quando há falta de troco, que o
cobrador não consegue oferecer troco para o passageiro, ele, o passageiro, fica
isento do pagamento da tarifa. Enquanto que no seu Projeto V. Exª apenas
facilita aquilo que realmente poderia dificultar sobremaneira o cobrador da
empresa, porque ao invés dele ter toda aquela dificuldade para devolver o
troco, V. Exª faz com que aquele percentual, que é pequeno, que não é grande,
possa ir para favorecer as pessoas mais necessitadas desta Cidade. Então, eu
acho que tanto uma idéia, a sua, como a do ex-Vereador Pedro Ruas, as duas têm
mérito e uma não invalida a outra.
O SR. LUIZ MACHADO: Agradeço o
aparte de V. Exª e gostaria de dizer que, verdadeiramente, aprendi com
Vereadores experientes nesta Casa, que têm leis que são difíceis de serem
aplicadas. Existem Projetos que se transformam em leis que dificilmente são
aplicadas. Eu quero dizer que toda lei tem sua época, seu momento. E
respeitando a Lei do Troco eu posso dizer que faria um desafio aqui no
Plenário, hoje, porque a maior parte dos passageiros do transporte coletivo
está pagando 170 cruzeiros pela passagem e não 165, embora o Projeto deste
Vereador não contemple isso, e sim, a divisão de cruzeiros.
Mas eu estou fazendo este relato para dizer que
90% das pessoas que estão aqui no Plenário não têm cinco cruzeiros trocados no
bolso. O Ver. Lauro Hagemann, inclusive, apresentou três Emendas, que eu não
aprovo nenhuma e não defendo nenhuma, e peço que votem contra as Emendas do
Ver. Lauro Hagemann. Um Nobre Companheiro que geralmente apresenta algumas
Emendas sempre para ajudar, pegando sempre pelo pescoço o autor do Projeto.
O Sr. Edi Morelli: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Apenas para um esclarecimento, porque eu
quero votar com tranqüilidade e não com dúvidas. Sobre esse arredondamento para
cima, será que o cobrador, que no final do dia transportou mil passageiros,
será que ele vai dizer que arredondou para cima os mil passageiros?
O SR. LUIZ MACHADO: O usuário do
transporte passa na roleta e fica registrado. No momento em que acontecer o arredondamento,
ele é arredondado na planilha. No momento em que for feita a planilha, o IPK,
nesse momento é que será feito o arredondamento, e não na hora em que o usuário
passa na roleta é que o cobrador vai dividir. Quem divide é a empresa, no final
no mês, apresentando para os cofres públicos a diferença, Ver. Edi Morelli. A
Auditoria da Casa deu um Parecer colocando assim: (Lê.) "Por ser
pertinente à matéria, sublinhamos que a transformação em Lei desse Projeto
poderá resultar na ação da chamada Lei do Troco".
É um equívoco, porque a Emenda nº 01, do Ver.
Vieira da Cunha diz o seguinte: (Lê.) "Dê-se nova redação ao art. 1º e
acrescente-se parágrafo único ao citado dispositivo que fica com a seguinte
redação: ‘Art. 1º - sempre que a tarifa do transporte coletivo por ônibus em
Porto Alegre contiver fração em centavos, fica o Executivo Municipal autorizado
a proceder arredondamento para a unidade de cruzeiro, imediatamente superior’.
‘Parágrafo único: não se aplica o cálculo quando a fração for igual ou inferior
a 50 centavos’. Portanto, o Projeto do Vereador é para que acima de 50 centavos
arredonda-se para cima.
A Emenda nº 02, do Ver. Vieira da Cunha, onde ele
resguarda a Lei do Troco, para não entrar em conflito, diz o seguinte: (Lê.)
"Dê-se nova redação ao art. 5º, que passa a ser o seguinte: Revoga-se
disposições em contrário ressalvando a Lei nº 6.075, de 08 de janeiro de 1988”.
Resguarda a Lei do Troco.
O Sr. Vieira da Cunha: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Apenas para lembrar V. Exª, Ver. Luiz
Machado, que efetivamente a Emenda nº 02 foi aprovada. Portanto, está
ressalvada, expressamente, no texto legal a Lei conhecida como Lei do Troco, de
autoria do Ver. Pedro Ruas. Entretanto, a Emenda nº 01 foi rejeitada pelo
Plenário, portanto não consta na Redação Final do Projeto de Lei de Vossa
Excelência. De qualquer maneira a Emenda nº 02 que é a mais importante, porque
ela resguarda a Lei do Troco e foi aprovada pelo Plenário.
O SR. LUIZ MACHADO: Agradeço, pois
veio contribuir com o pronunciamento deste Vereador. Também, a Emenda do Ver.
Lauro Hagemann simplesmente prejudica o Projeto, traz prejuízos. Encerro, Sr.
Presidente, encaminhando, discutindo este Projeto e pedindo apoio desta Casa
para derrubar o Veto do Sr. Prefeito a este Projeto. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Pela ordem,
Ver. Vieira da Cunha.
O SR. VIEIRA DA CUNHA: Sr. Presidente
e Srs. Vereadores, quero inicialmente manifestar posicionamento favorável ao
Projeto de Lei do Ver. Luiz Machado, pela rejeição do Veto, e faço por uma
razão muito simples. O argumento que me levou, inicialmente, a não apoiar o
Projeto do Ver. Luiz Machado, é que existe uma colidência entre o Projeto do
Vereador e a Lei conhecida como Lei do Troco, de autoria do ex-Vereador Pedro
Ruas, tentando compatibilizar uma iniciativa e outra. Propus uma Emenda que se
refere, expressamente, à Lei nº 6.075, de 08.01.88, Lei do Troco. O Ver. Luiz
Machado concordou e votou favoravelmente a esta Emenda. Não há, portanto,
nenhuma incompatibilidade entre a iniciativa do Ver. Luiz Machado e a do
ex-Vereador Pedro Ruas, que, aliás, já se consagrou na Cidade de Porto Alegre
como um importante instrumento de defesa dos direitos dos usuários de
transportes coletivos desta Cidade.
Voto pela rejeição do Veto. Agora, muito mais do
que com o troco, esta Casa deve se preocupar com o valor da tarifa do
transporte coletivo de nossa Cidade. A imprensa já nos informa que a ATP já
reivindica um novo aumento para a tarifa. A passagem já custa Cr$ 165,00. Fiz
algumas contas, porque quando se faz uma crítica, devemos justificá-la. Fui
buscar o valor da tarifa em 01 de janeiro de 1989, a data de posse dos Srs.
Olívio Dutra e Tarso Genro, em Porto Alegre, fruto de um plano de governo e
discurso eleitoral que, dentre outros aspectos, destacavam sobremaneira a
política do transporte coletivo. Prometiam à população uma tarifa justa e um
transporte de boa qualidade. Num determinado momento do debate chegou-se a
falar em redução da tarifa em Porto Alegre, porque segundo a dupla
Olívio/Tarso, Collares fazia o jogo dos empresários de transportes coletivos e
aplicava, em Porto Alegre, uma tarifa absurda, caríssima; era contra a sua
política, contra os interesses dos seus usuários. Esse foi o discurso da
campanha.
Agora, vamos à dura e triste realidade, até
revoltante, sob o ponto de vista dos usuários, mas a doce realidade sob o ponto
de vista do empresariado que atua na Cidade de Porto Alegre, que nunca foi
remunerado tão generosamente como agora está sendo pelo serviço de péssima
qualidade que continua a prestar à população usuária do transporte coletivo.
Pois o Ver. Adroaldo Corrêa lembrava, Ver. Luiz Braz, e veja que tem boa
memória o Ver. Adroaldo Corrêa, e por certo se lembra também do valor da tarifa
quando assumiu o PT, que era de doze centavos. Veja, Ver. Adroaldo Corrêa, que
o Olívio estava recebendo uma tarifa de doze centavos. E o aumento da tarifa
durante o tempo em que Collares governou Porto Alegre foi de 7.400%, nos três
anos em que o PDT governou esta Cidade; e a inflação, 8.200%. Portanto, a
tarifa, quando o Collares foi Prefeito, subiu menos que a inflação. Vamos ver a
tarifa agora, no governo da dupla Olívio/Tarso. Em janeiro de 1984, Cr$ 0,12;
em 08 de outubro de 1991, Cr$ 165,00. Reajuste acumulado, nada mais nada menos
que 137.400%. Vou repetir: cento e trinta e sete mil e quatrocentos por cento!
Inflação no mesmo período, medida pelo INPC, até 30 de julho, depois, pela Taxa
Referencial de Juros: 92.802,71%.
V. Exª está muito mal em matemática, Ver.
Adroaldo. Aumento real da tarifa de 48% faça as contas! E se V. Exª ainda não
se convenceu, vamos para outra comparação. Vamos ver quantas passagens o
trabalhador adquiria com um salário mínimo, quando Collares deixou a
Prefeitura, e vamos ver quantas passagens adquire hoje com um salário mínimo. O
trabalhador adquiria, com um salário mínimo, quando Collares deixou a
Prefeitura, 453 passagens de ônibus; com o salário mínimo atual, o trabalhador
adquire somente 254 passagens, Ver. Adroaldo Corrêa. Veja a vergonha! São quase
duzentas e, para ser exato, 199 passagens a menos que o trabalhador adquire com
o salário mínimo.
Mas se V. Exª ainda não se convenceu, nós vamos
apagar o passado e ficar somente com o ano de 1991: inflação acumulada 165,09%
neste ano; índice reajustado na tarifa do transporte 266,66%. Aumento real de
61,52% acima da inflação, de reajustes autorizados pela dupla Olivio
Dutra/Tarso na Prefeitura. Estamos, portanto, Ver. Luiz Machado, diante de um
escândalo. É um escândalo a política tarifária do Sr. Olívio Dutra em Porto
Alegre. Ver. Adroaldo Corrêa, muito mais escandaloso, porque incoerente com um
discurso de campanha, um discurso injusto com o ex-Prefeito Alceu Collares,
porque eu disse e repito: nos três anos que o PDT governou Porto Alegre a
tarifa subiu menos que a inflação, e nesses quase três anos que Olivio e Tarso
governam a Cidade a tarifa já subiu muito mais do que a inflação verificada no
período.
O Sr. Luiz Braz: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Vieira da Cunha, V. Exª faz todas
essas colocações, com absoluta razão e trazendo dados, porém não cita, ainda, o
problema da SOPAL, porque o prejuízo que esta Administração causa ao Município
com o problema da SOPAL é alguma coisa incalculável, porque mesmo com esse
absurdo de tarifa que está sendo cobrada a SOPAL não tem salvação.
Quero dizer a V. Exª que já nos manifestamos
favoráveis ao Projeto do Ver. Luiz Machado, porque este Projeto não arredonda
só para cima, ele também dá oportunidade, dependendo da parcela que sobra em
fração de cruzeiros, seja inferior, se arredonde também para baixo.
O SR. JOÃO DIB (Questão de
Ordem): Sr. Presidente, eu pergunto se no debate na Ordem do Dia a Casa não deve
se ater exclusivamente ao Veto.
O SR. PRESIDENTE: Ver. João Dib, a
Mesa até agora não havia recebido nenhuma reclamação de nenhum Vereador.
O SR. DILAMAR MACHADO
(Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu gostaria de contraditar a
Questão de Ordem do Ver. João Dib, o ilustre Ver. Vieira da Cunha está na
tribuna debatendo o Veto Total do Prefeito a um Projeto de Lei que diz respeito
ao custo tarifário de Porto Alegre e suas conseqüências na hora da operação.
Parece-me que o Vereador não se desvia da questão tarifa do transporte
coletivo, por isso descabe a Questão de Ordem do Ver. João Dib.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Vieira da
Cunha, a Mesa ao devolver a V. Exª a palavra pede que V. Exª se atenha ao teor
específico do Projeto em discussão, sem entrar no mérito do que V. Exª está
discutindo.
O SR. VIEIRA DA CUNHA: Mas eu já dizia,
Sr. Presidente, respeitosamente, que me curvava à observação do Ver. João Dib,
e me despeço da tribuna triste. Triste porque não é só na Mesa da Câmara que se
vê a coligação PT, PDS, quando se trata de defender os interesses dos
empresários de transporte coletivo da Cidade; também esta coligação se
configura contra os interesses dos usuários do transporte coletivo da Cidade de
Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Ver. Vieira da
Cunha, se V. Exª tiver alguma queixa do encaminhamento das questões por parte
da Mesa, a Mesa gostaria de ouvir uma Questão de Ordem de Vossa Excelência.
O SR. VIEIRA DA CUNHA
(Questão de Ordem): V. Exª pode repetir a indagação a este Vereador?
O SR. PRESIDENTE: Se V. Exª tiver
Questão de Ordem sobre o encaminhamento dos trabalhos por parte deste
Presidente, por favor formule.
O SR. VIEIRA DA CUNHA: Este Vereador
não abre mão da autonomia de dizer o que bem entender da tribuna da Câmara. Se
V. Exª quiser me responder use o seu tempo e responda.
O SR. PRESIDENTE: Este Presidente
não dialoga com V. Exª e se limita atender Questões de Ordem e seguir o
Regimento. Sugiro que V. Exª o leia.
(Suspendem-se os trabalhos às 15h31min.)
O SR. PRESIDENTE (Antonio Hohlfeldt – às 15h32min): Estão reabertos
os trabalhos desta Sessão. Eu farei a leitura do art. 14, § 1º, inciso I, letra
"d" (Lê.): “advertir o orador que se desviar da matéria em discussão, falar sobre o
vencido ou faltar com a consideração devida à Casa, a qualquer de seus membros
ou aos poderes constituídos e seus titulares, e cassar-lhe a palavra em caso de
insistência.” A Presidência, a partir deste momento, seguirá rigidamente o que
está aqui.
Pela ordem, tem a palavra o Ver. Artur Zanella,
por dez minutos.
O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente
e Srs. Vereadores, desta tribuna, há dois ou três meses, eu dizia que mais uns
dias e estaríamos discutindo o Veto a esse Projeto, e que o Sr. Prefeito faria
o Veto baseado numa coisa que me parece a mais solar e meridiana. Estamos, Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, Ver. Nereu D'Ávila, Líder do PDT, a maior Bancada
da Casa, Ver. Elói Guimarães, que tem projeto semelhante, retirando recursos
pagos pelos usuários, pelos passageiros e transferindo esses recursos para
entidades privadas, que nada têm a ver com aquele transporte que ali está sendo
dado.
Então, Sr. Presidente, a Redação Final diz o
seguinte: "O montante da diferença cobrada a maior deverá ser repassado ao
Movimento Assistencial de Porto Alegre, MAPA, à Aldeia Infantil Brasileira SOS
e a outras entidades assistenciais ou filantrópicas a serem definidas pelo
Executivo Municipal". Então, vai ter que tirar dinheiro do passageiro e
pode dar, por exemplo, para a entidade do Bispo Macedo, é uma entidade
filantrópica, é uma entidade assistencial. Então, está se tirando dinheiro do
passageiro, do sistema de transporte para entregar a entidades privadas,
particulares. Não há em nenhum lugar do mundo essa autorização para tirar
dinheiro para dar para a paróquia do Ver. Ervino Besson. Eu posso dar isso aqui
para a escola de samba da Restinga, porque ela é beneficente; pode ser dado
para a escola de samba que o Ver. Jaques Machado foi presidente, porque é
particular e beneficente; pode ser dado para os Bambas da Orgia. Mas, o Ver.
Luiz Machado, que leu o Parecer da Auditora Drª Sueli de Moura, não leu a
seguinte parte: "Entendemos ilegal a destinação de parcela do valor da
tarifa referente ao transporte coletivo para atender objetivo alheio àquele
serviço, ainda que no mérito tal destinação possa resultar benefícios
assistenciais". Diz, ainda, a Drª Sueli Silveira de Moura: "Sob o
aspecto jurídico, ainda mais grave se nos afigura embutir artificialmente um
acréscimo não devido pelo usuário do transporte no valor a ser cobrado,
obrigando-o, dessa forma, a contribuir compulsoriamente com obras
assistenciais, cuja existência, latu sensu, somente se justifica pela
incapacidade do aparelho do Estado para resolver todas as questões para as
quais foi criado". Então, o que se coloca, é que nós estamos dando dinheiro
do passageiro para entidade particular e qualquer outra entidade beneficente
que o Prefeito quiser dar.
O Sr. Luiz Machado: V. Exª permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, V. Exª é um Vereador dos mais
atilados aqui dentro deste Plenário, dentro desta Casa, é um trabalhador,
conhece leis como poucos, só que fico surpreso que, quando este Projeto que
hoje está sendo analisado apenas o Veto, quando V. Exª poderia ter entrado com
Emenda, tirando fora entidades particulares e ficando só o MAPA, V. Exª não
teve a grandeza de fazer esta Emenda. Lamentavelmente, diz hoje que não pode
ser dada verba a movimentos particulares e somente públicos. Lamentavelmente é
isto aí. Agora, depois do Veto, ou seja, da porta arrombada, quer botar tranca
de ferro. V. Exª tem que concordar que ficou omisso naquela parte.
O SR. ARTUR ZANELLA: Ver. Luiz Machado, V.
Exª vai receber, agora, uma pequena aula, o MAPA é uma entidade particular, não
é oficial. A única ligação que o MAPA tem com a Prefeitura é que a esposa do
Prefeito é presidente do MAPA. A entidade não é pública, Ver. Luiz Machado, ela
é uma entidade particular. Mesmo que fosse pública, Ver. Luiz Machado, o Senhor
não tem direito, ninguém tem direito de tirar dinheiro do passageiro e passar
para uma entidade para fazer beneficios assistenciais; isto ninguém tem
direito.
Então, Ver. Luiz Machado, primeiro, o MAPA não é
oficial; segundo, porque disse, desta tribuna, que vai ser vetado, nós vamos
ter que engolir este Veto, porque o seu Projeto é bem intencional, seu Projeto
tem um alcance muito grande, todo mundo acha isto. Quando chegou na CUTHAB, eu
coloquei com restrições, porque é invensível, pode fazer quarenta mil emendas,
mas não tem como V. Exª fazer duas coisas, autorizar o Prefeito a fazer uma coisa
que ele não quer fazer, tanto não quer fazer que vetou, e, segundo, a pessoa
que anda, já que citaram a Restinga, o restingueiro não autorizou a nós
pegarmos parte de seu dinheiro para dar ao MAPA ou dar para quem quer que seja,
embutido na passagem. Eu não vou falar em SOPAL, não vou falar em Lei do Troco,
não vou falar em nada, mas nós não temos, Ver. Luiz Machado, este poder, de
entrar lá nas passagens e pegar uma parte e dar para o MAPA, ou dar para a LBA,
ou dar para quem quer que seja, infelizmente, Vereador. Isto é mortal, pode
fazer trinta emendas, não tem como tirar de um sistema para colocar em
entidades particulares ou oficiais de beneficência, passar para a LBA, não tem!
Sugiro a V. Exª que, no Orçamento, faça emendas, um pouco de dinheiro para o
MAPA, para a Aldeia SOS, enfim, para todo o tipo de coisas. Agora, aqui, deste
mato, não sai coelho. E também, juridicamnte, tem outra coisa: quando
arredondar para baixo, o MAPA tem que devolver o que recebeu.
O Ver. Elói Guimarães, dentro do espírito de não
beneficiar os empresários, tem um Projeto que é mais defensável que este, que
não dá para ninguém, Ver. Luiz Machado, quando arredonda nesta para mais,
arredonda na outra para menos, e mantém dentro do sistema. O Projeto está
andando na Casa, está na CUTHAB, o Ver. Adroaldo Corrêa é o Relator, está
esperando o resultado deste Veto para dar o Parecer favorável ou não do Projeto
do Ver. Elói Guimarães que, ao menos, mantém dentro do sistema como
compensações internas, isto é, aumenta 0,15 agora, e diminui 0,15 depois.
Agora, Ver. Luiz Machado, V. Exª sabe que lhe
admiro, mas esta é mortal. E levo aos doutos advogados que existem aqui, e
honram esta Casa, para refletirem se temos este poder de ir lá no passageiro da
SOPAL, lá na Zona Norte, pegar uma parte do dinheiro dele e dar para o MAPA, ou
para a Aldeia SOS, ou para o Bispo Edir Macedo, ou outra associação.
Então, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a
Auditoria, sobre a Lei do Troco, se colocou en passant, porque ela não
disse que resultaria na derrogação da chamada Lei do Troco, ela disse: poderá
resultar. Porque, se o arredondamento for num determinado momento, pode
acontecer que não haja troco para dar, é isto que a Auditoria quis dizer. E a
Lei do Troco não está em discussão, nem a SOPAL, que anda caranguejando seus
ônibus. A discussão é esta: temos o direito de tirar parte do dinheiro, ainda
que pequeno, do passageiro para dar para uma entidade beneficente? É isso que
coloco nesta discussão de hoje. E, com isso, encerro a minha participação.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A palavra com o Ver.
Luiz Machado, por cessão de tempo do Ver. Cyro Martini.
O SR. LUIZ MACHADO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. É evidente que o Vereador, no seu trabalho, muitas vezes procura,
através de Projetos de Lei, fazer com que o seu pensamento, a sua ação seja
colocada dentro da lei e que possam as pessoas usufruir deste beneficio. A
minha intenção foi esta e é esta. É evidente que não pode tirar dinheiro - como
diz o Ver. Artur Zanella - de quem quer que seja. Esse repasse é para entidades
particulares. Sinceramente, eu lamento, porque – repito sempre – fiz um
levantamento, na época da discussão deste Projeto, nos finais de linha de
ônibus, não sei se algum Vereador fez isso até hoje. Todos os passageiros que
não usam o vale-transporte pagam acima do valor quando sempre tem um quebrado,
como hoje, que é 165 cruzeiros, quem sabe 80% ou 90% que usam o dinheiro
diretamente, com a cédula para pagar o transporte, pagam 170 cruzeiros e não
165.
O Vereador Artur Zanella se preocupa com os
centavos, mas eu tenho certeza de que o Vereador não dobra a sua espinha para
apanhar um centavo, dois centavos, dez centavos do chão. É esta a minha
discussão. São apenas centavos, mas que representam muito e tem muita gente
aproveitando cruzeiros, muito além de centavos. Parece que a discussão para
levantamento de custo de transportes sempre dá quebrados e sempre tem gente
levando vantagem, como diz o Gerson, o jeitinho brasileiro. Eu faço um desafio
nesta Casa: nós vamos, nos fins das linhas dos ônibus, perguntar aos senhores
usuários do transporte coletivo quanto estão pagando, hoje, pela passagem. Não
estão pagando 165 cruzeiros; somente quem separa o dinheirinho desde a sua
casa, ou de seu trabalho, quem não tem e dá 200 cruzeiros recebe 30 cruzeiros
de troco, a velha desculpa que não tem troco.
Quando eu digo que a Lei do Troco, do então Ver.
Pedro Ruas caducou muito cedo, infelizmente, porque não há troco, ou seja, não
há moeda corrente, centavos na praça, têm pessoas, têm homens públicos que não
entendem que não há centavos. No comércio dão balas e os cobradores, como não
têm balas, eles simplesmente viram as costas e dão 30 cruzeiros de troco. É
essa a minha preocupação, Vereador, quem sabe vão dizer amanhã na imprensa,
alguém mal informado, que o Vereador quer tirar do bolso de alguém. Eu quero
dar para alguém, pessoas pobres. Quem sabe a minha intenção, para alguns
Vereadores, não foi bem entendida no momento em que foi aprovado o Projeto e,
agora, que está sendo discutido o Veto.
O Sr. Edi Morelli: V. Exª permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Estou com dúvidas, Vereador, com relação à
Lei do Troco, do então Ver. Pedro Ruas. Parece-me que se o cobrador não tiver
troco o passageiro não pagará a passagem.
O SR. LUIZ MACHADO: É vinte vezes o valor,
valor alto; se for um valor baixo ele é obrigado a ter troco.
O Sr. Edi Morelli: Eu fico na dúvida em
relação ao seu Projeto, que diz: poderá ser arredondado para cima ou para
baixo.
O SR. LUIZ MACHADO: Vereador, por exemplo,
se a passagem fosse Cr$ 164,70 passava para Cr$ 165,00.
O Sr. Edi Morelli: Aí eu volto para aquela
pergunta que eu fiz no aparte anterior, Ver. Luiz Machado. Essa manipulação da
planilha, feita pelos empresários, não vai acarretar mais aumentos ainda na
tarifa do transporte coletivo, uma vez que a minha preocupação, hoje, é que o
Governo do Partido Trabalhista passou a ser também empresário?
O SR. LUIZ MACHADO: A planilha tem a
representação decisiva também dos representantes do Governo. Para mim, eles não
fazem a planilha sozinhos, hoje há uma discussão com o Governo. Portanto, eu
não acredito que isso seja feito somente pelos empresários. Quero dizer que a
minha intenção continua de pé: para dar aos menos favorecidos. O Ver. Zanella
fica dizendo que é para oferecer à Paróquia do Ver. Besson, ou de outro
Vereador, ou outra entidade privada. Mas ele, o Ver. Zanella continua com a
velha filosofia de sempre: enganando o pobre e privilegiando o rico. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver.
Luiz Braz.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, primeiramente o que vamos colocar é embasamento para a argumentação
que vamos desenvolver. O gabinete do Ver. Edi Morelli confeccionou este gráfico,
que tem por parâmetro os anos de dezembro de 1988 e outubro de 1991, exatamente
o mês em que nos encontramos, e também a quantidade de passagens de acordo com
o salário mínimo. Em janeiro de 1989 se compravam 453 passagens com o salário
mínimo, e a Administração petista até começou muito bem, porque começou
aumentando esta quantidade de passagens, de 453 para 478 no mês de maio. Era
possível comprar 478 passagens com o salário mínimo. Aumentou a quantidade. E
esta alta continuou até janeiro de 1990, porque, em janeiro de 1990, acredito
que coincidia com o período da intervenção, caro Presidente, sofria a tarifa
uma grande elevação e mantínhamos a quantidade de passagens possíveis para ser
compradas pelo salário mínimo reduzidas, e chegamos a 233 passagens apenas,
possíveis de ser compradas pelo salário mínimo. E chegamos ao cúmulo de termos,
em agosto, setembro deste ano, a quantidade de apenas 136 passagens possíveis
de ser compradas pelo salário mínimo. É realmente, Ver. Adroaldo, não porque a
tarifa sofreu uma defasagem, mas porque o salário mínimo sofreu um aumento no
mês de outubro, tivemos a possibilidade, então, de comprarmos 311 passagens com
o salário mínimo, o que cai, agora, para 254...
O SR. PRESIDENTE (Antonio Hohlfeldt): A Mesa
interrompe V. Exª para uma vez mais lembrar o art. 14, ater-se ao Projeto. A
Mesa pede a colaboração de Vossa Excelência.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, posso
dar certeza a V. Exª de que não estou fugindo do assunto, apenas trouxe esses
dados para poder embasar o nosso pronunciamento. Por que esta tarifa é cara?
Esta tarifa é cara por uma série de fatores que podem começar a ser
justificados pelos insumos, que são caros e os preços são elevados no dia-a-di.
Mas, também, esta tarifa é cara por causa das isenções que temos dentro do
Município: os estudantes, tanto os ricos como os pobres, tem 50% da tarifa. Eu
pergunto: os ricos precisariam os 50% da tarifa? Claro que não, mas a lei lhes
dá direito a pagar 50% da tarifa. E aí vamos, cabos e soldados, e outros
segmentos, e temos, agora, no último domingo de cada mês, tarifa gratuita para
todo mundo. Alguém paga por isso, sempre, e quem paga é o trabalhador, sempre é
o trabalhador quem vai pagar.
Agora, qual a argumentação dos que estão contra o
Projeto? É que o Projeto tira alguns centavos que é o arredondamento, quando o
Sr. Prefeito quiser fazer para a unidade imediatamente superior. É uma
autorização isso, não é um projeto cogente, que obrigue o Prefeito a fazer
algo. São alguns centavos que iriam para as entidades assistenciais, que não
tiram nem menos, e nem mais daquilo que tiram os estudantes ricos da cidade.
Mas não é sempre que esses cruzeiros deverão ser enviados às entidades
assistenciais, porque o Prefeito também poderá arredondar para a unidade de
cruzeiros inferior, o que iria diminuir a tarifa. Assim, uma coisa compensaria
outra, bastando que o Prefeito quisesse. Tem razão o Ver. Luiz Machado quando
deseja, com o seu Projeto, fazer com que a Administração tenha um instrumento
para facilitar a cobrança da tarifa.
O Sr. Adroaldo Corrêa: V. Exª permite um
aparte? (Assentimento do orador.) No art. 1º o Ver Luiz Machado propõe que o
arredondamento seja feito para a unidade de cruzeiros imediatamente inferior ou
superior; se der 168 cruzeiros, está autorizado por lei a passar para 169 ou
167 cruzeiros, e não 165 nem 170 cruzeiros. Isso é que diz a lei. A outra
questão é que não é cogente, portanto, foi autorizado e não aceitou, vetou.
Alguns centavos são alguns milhões por dia, em reparo ao seu pronunciamento.
O SR. LUIZ BRAZ: Mas que poderá haver ou
não. Poderão ser a mais ou a menos; o Sr. Prefeito é quem vai decidir. É um
Projeto autorizativo. Será uma decisão do Prefeito.
O Sr. Wilton Araújo: V. Exª permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Com todo o respeito, carinho e atenção que
tenho por V. Exª, eu me permito discordar de V. Exª e dos argumentos prévios
que V. Exª apresentou, no tocante, especificamente, à passagem escolar. Encaro
a passagem escolar como uma conquista que deve ser garantida aos nossos estudantes.
V. Exª sabe que os pobres utilizam-se da passagem escolar e os ricos usam o
transporte escolar. Tenho certeza de que não vão deixar o transporte escolar
pelo ônibus.
O SR. LUIZ BRAZ: V. Exª é muito
inteligente. Sei que defende as camadas mais pobres da população. Mas posso
dar-lhe a certeza absoluta de que existem muitos estudantes que na verdade
teriam condições de pagar transporte escolar mais caro, e se utilizam da meia
passagem que a lei lhes faculta. Existem muitos estudantes assim.
Acho que até a tarifa devia ser barata para
todos, não apenas para o estudante pobre ou rico. Devia estar ao alcance de
todo o mundo. O que não pode é que um segmento da sociedade, que está
miserabilizado, como é o caso do trabalhador e, principalmente, do trabalhador
assalariado, acabe pagando para determinadas camadas que têm mais. Não é o que
quer, aqui, o Ver. Luiz Machado. Por isso, estamos apoiando o Projeto do Ver.
Luiz Machado. O que ele quer é dar ao Prefeito a oportunidade de dar os
centavos cobrados a mais para entidades assistenciais ou, então, diminuir esta
quantidade de centavos para favorecer o trabalhador assalariado, que é quem
paga a tarifa.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver.
João Dib.
O SR. JOÃO DIB: Sr.Presidente e Srs.
Vereadores, quando em 1963 era Secretário dos Transportes meu querido amigo,
então Vereador, Célio Marques me deu uma aula sobre legislação. A Câmara havia
feito um projeto de lei que entendi descabido e queria pedir ao Prefeito que
vetasse, e o Ver. Célio Marques me perguntou: posso dar um conselho? Diz para o
Prefeito que não sancione esta lei, deixa o Presidente da Câmara promulgar,
porque, de repente, daqui a 30/100 anos é capaz de servir para alguma coisa. E
até me lembrou que nos Estados Unidos há leis que são desenterradas, em
determinados momentos, por advogados extremamente atentos e fazem valer os
direitos de um cidadão.
Eu tenho dito aqui, reiteradas vezes, que eu fui
Secretário dos Transportes duas vezes, mas nunca disse que fui, oito anos,
Assistente Técnico da Secretaria Municipal dos Transportes, e que calculei as
tarifas por obrigação de função uma centena de vezes, talvez, e a Secretaria
Municipal dos Transportes calcula muito bem a tarifa, e seus técnicos são de
primeira qualidade. Já foram melhores no passado, porque a grande elite não
está mais lá, mas os que ainda estão são profissionais competentes,
responsáveis e calculam bem.
Ora, nós estamos discutindo e perdendo tempo. Foi
por isso que eu fiz aquela Questão de Ordem quando o emitente e nobre Vereador
Vieira da Cunha estava na tribuna. Eu queria que discutissem com rapidez um
assunto que está em debate e que não se prolongasse indefinidamente a tarde
toda, mas, lamentavelmente, a lição que o meu amigo Célio Marques me deu eu não
usei, e fui até agredido por uma pessoa que eu aprecio muito. Sou responsável,
competente e é difícil encontrar responsabilidade hoje em dia, porque as
pessoas vão transferindo, eu nunca transferi nada e sou até, talvez, um tolo,
não tinha que ser agraciado por um amigo que eu estimo tanto, mas não faz mal,
não aprendi a lição do Ver. Célio Marques. Agora o Prefeito não está pedindo
esta lei. Ele não pediu. Nós estamos autorizando, mas ele não quer. Então,
porque que nós estamos brigando com ele, se ele não quer? E se ele ficar com a
lei ele não é obrigado a executar, foi o que o Ver. Célio Marques disse, nobre
Ver. Luiz Machado, eu gostei da sua inteligência e da sua presença de espírito.
Mas, também, me obrigo a lembrar que a Exposição
de Motivos do Prefeito para o Veto é muito inteligente, ele mostrou um exemplo
de que quando a tarifa foi para 125 cruzeiros, o cálculo foi de 125,93. Ora, se
as entidades assistenciais tivessem que receber os sete centavos, quer dizer,
os sete milhões de centavos por dia, tira dois zeros já dá 70 mil cruzeiros por
dia, Ver. Elói Guimarães, dois milhões no fim do mês, mas o Prefeito, de forma
inteligente, baixou a tarifa para 125 cruzeiros, se na Secretaria Muncipal dos
Transportes, deve ter até vindo da Secretaria a sugestão dos 125cruzeiros. Mas,
se tivesse chegado a 124,51 eles diriam: que sejam 125 cruzeiros; mas acho até
que se fosse 124,49 eles também diriam 125 cruzeiros, porque é a moeda. Agora,
a proposição do Ver. Luiz Machado, que hoje pela manhã defendia na Rádio Guaíba,
em razão das agressões formuladas pelo ex-Vereador Ruas, a proposição dele diz
que os 125,93 deveriam ser 126 cruzeiros. Ora, 126 cruzeiros seria tumulto
certo, permanente, porque 125 já é; agora imaginem 126. Têm muita gente que
leva os 125 cruzeiros.
O Sr. Luiz Machado: V. Exª permite um
aparte? (Assentimento do orador.) V. Exª esquece que pode ser 125, na discussão
de Vossa Excelência. Pode ser 125, porque o Prefeito também pode. O Projeto é
este, ele facilita para menos. Quando for 125,50, fica 125 cruzeiros; quando
for 125,60 ou 55, é 126 cruzeiros.
O SR. JOÃO DIB: Nobre Vereador, há
alguns segundos eu elogiei a sua atenção e inteligência quando me dizia que não
será sempre esse o mesmo Prefeito; em 1993 espero ser eu o Prefeito. Mas agora
V. Exª não faz justiça ao elogio que lhe dei, porque eu disse que se fosse Cr$
125,93, em vigor a lei de V. Exª - e até disse que dava 70 mil cruzeiros por
dia - sei que poderia baixar para Cr$ 125,00, porque o Projeto de Lei diz isso,
e eu li com atenção, mas de qualquer forma a Secretaria tem feito isso, ela
equilibra, quando não chega a 50 centavos ela sugere o valor de baixo, quando
excede os cinqüenta centavos, o de cima, a unidade anterior ou posterior. Mas,
de qualquer forma, no cálculo ela considera o valor exato, e se esse valor foi
pago pela população – 7, 10, 30 centavos, não importa – o que é que ela vai
calcular?
Penso que o certo, o correto é manter aquilo que
já existe, até por que a tal de Lei do Troco é uma lei para tumultuar. Cheguei
a essa Cidade em 1945. No primeiro dia tomei um bonde e tinha que pagar 50
centavos, eu botei a mão no bolso e só tinha uma nota de cem cruzeiros, que era
tudo quanto eu tinha. Entreguei os 100 cruzeiros para o condutor do bonde, ele
olhou e disse: não tem menor? Eu disse: não. Ele disse: bem, então, amanhã, vá
lá na CARRIS e receba o troco. Já havia uma Lei do Troco muito bem pensada. É
claro que eu disse: meu amigo, eu estou chegando a Porto Alegre e esse é todo o
meu dinheiro, não tenho outro. Ele disse: então, não vou cobrar a passagem e
devolveu os 100 cruzeiros. O bom senso existe por aí, e a Lei do Ver. Pedro
Ruas, de repente, pode servir para uma violência, um desentendimento. Vou
aceitar o Veto do Prefeito e sugiro aos Colegas que também o aceitem, porque é correto.
Temos muito mais o que legislar nesta Cidade.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver.
João Motta.
O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, eu me inscrevi para prestar uma homenagem à inteligência e à
contundência do pronunciamento do Ver. Vieira da Cunha. Faço isso relembrando o
Vereador que, pelo jeito, esqueceu algumas informações ou perdeu parte da sua
capacidade de fazer cálculos para informar uma discussão política sobre um
Projeto como esse. Vejamos dois dados. Eu não sou um especialista em economia,
mas acompanho, diariamente, pelos jornais de Porto Alegre e do centro do País,
principalmente A Folha de São Paulo, e os dados que V. Exª, Ver. Vieira da
Cunha usou sobre inflação estão equivocados. A inflação do período não é 165%;
ela atinge, aproximadamente, 210%, o que significa, nessa discussão concreta,
uma diferença razoável. Esse é um dado. (Aparte inaudível do Ver. Vieira da
Cunha). Mas o seu só chega a 165%, porque parou em setembro. Quando V. Exª usou
a tarifa, usou de 15 de outubro, mas a inflação é de setembro. Portanto, está
atrasado em quarenta e cinco dias o seu cálculo. Segundo dado: o Governador do
Rio de Janeiro, embora adiasse o comício contra a privatização da USIMINAS,
continua sendo contrário à privatização, portanto está muito coerente a posição
do Governador do Rio de Janeiro. Entretanto...
O SR. PRESIDENTE: Ver. João Motta, a Mesa
interrompe o tempo de V. Exª para fazer um apelo: atenha-se ao Projeto em
discussão. A Mesa interrompeu dois Vereadores anteriores e faz o mesmo apelo a
Vossa Excelência.
O SR. JOÃO MOTTA: O meu raciocínio, às
vezes, não se fecha em trinta segundos ou em um minuto, mas acato o
encaminhamento da Mesa. Tentando concluir meu raciocínio, diria que a coerência
dessa posição do Governador é que ele é contrário e tenta, com esse quadro de
recessão, de inflação, demarcar. Em vista disso, esse dado de que o salário
mínimo, hoje, compra menos passagens, convenhamos, Ver. Vieira da Cunha, também
é elementar demais, é óbvio, e uso esse gesto político do Governador do Rio de
Janeiro para dizer que é exatamente – porque existe um quadro de recessão que
atinge em cheio os salários – é que se vê toda essa mobilização contrária a
esse tipo de política. Dizer aqui, para fundamentar uma posição sobre esse
Projeto, como V. Exª disse, que um salário mínimo compra menos, é dizer o
óbvio, porque embora a tarifa tenha crescido mais, também é óbvio que os
salários cresceram menos. Portanto, esse é um dado importante que deve ser colocado
no debate.
O terceiro dado importante - e não sei por que o
Ver. Vieira da Cunha não colocou da tribuna, e foi muito bem lembrado na
intervenção do Ver. Artur Zanella – é que já está tramitando, aqui, um Projeto
de Lei de autoria do Ver. Elói Guimarães, ex-Secretário dos Transportes, que
atinge essa mesma questão, que é objeto do Projeto de Lei do Ver. Luiz Machado,
porém com uma pequena diferença, mas que, embora pequena, é fundamental. O
Projeto de Lei do Ver. Elói Guimarães está assentado não na criação de um
encargo diverso do custo do serviço, no caso o transporte, porque o do Ver.
Luiz Machado está estribado nisso. Portanto, o usuário do serviço de transporte
passaria, por via de conseqüência, a financiar uma outra atividade. Esse é o
pequeno detalhe que o Projeto do Ver. Elói Guimarães contempla: o usuário do
serviço vai manter a diferença dentro do próprio sistema, porque isso é de
direito, é elementar. Portanto, muito me surpreende a posição do Ver. Vieira da
Cunha, Promotor Público, esquecer desse pequeno detalhe num projeto.
E, por fim, para concluir, gostaria também de
lamentar que o ex-Vereador Pedro Ruas seja também injustiçado nesse processo
todo. Continuo convencido disso. Não é pelo fato de ser amigo pessoal do
ex-Vereador Pedro Ruas, mas é mais do que óbvio e elementar que a Lei do Troco
está sendo prejudicada, aqui. Acho que se já existe uma legislação no Município
que aborda este tipo de problemática é absolutamente desnecessário ter uma
outra Legislação. Portanto, por estes quatro motivos eu diria que a proposta, e
reafirmo isto – quando da discussão anterior eu cheguei a dizer na tribuna –, a
preocupação do Ver. Luiz Machado está absolutamente correta. Quer o Ver. Luiz
Machado criar um fundo para incentivar, para estimular a assistência no âmbito
do Município, que acho que de certa forma esse Governo pelo menos tem uma visão
diferenciada dos demais Governos. É contra este tipo de assistência fundada no
princípio do paternalismo. Agora, acho que esta maneira, este modus operandi
está equivocado. Não quero dizer com isto que o mérito da idéia seja por esta
razão, enfim, completamente inviável, ao contrário. Portanto, eu gostaria de,
pela segunda vez, ao me posicionar nesta discussão, me posicionar desta feita
pela manutenção do Veto, por estes quatro motivos que me parece mais do que
óbvio, são claríssimos. Pena que o Ver. Vieira da Cunha, enfim, ou por
esquecimento, tenha omitido na sua intervenção.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Não há mais inscrições
para a discussão. Passamos, portanto, ao período de votação.
O SR. VICENTE DUTRA: Sr. Presidente, para um
Requerimento. O Ver. Omar Ferri solicitou alguns documentos: que fossem
extraídas cópias de documentos que compõem o dossiê da CPI dos incineradores.
Solicitaria que este documento fosse entregue ao
Sr. Ver. Omar Ferri o mais breve possível, e também uma cópia a este Vereador.
É o contrato, a proposta da firma SPA, e mais guia de pagamento. Que fosse dada
uma cópia ao Ver. Omar Ferri e também uma cópia a este Vereador.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa orienta à
Diretoria Legislativa para que faça o apanhado taquigráfico, da intervenção do
Ver. Omar Ferri e da intervenção do Ver. Vicente Dutra, chegar até a
Presidência para que esta tome as providências cabíveis.
O SR. ISAAC AINHORN: Gostaria de ter acesso
às cópias do documento.
O SR. ERVINO BESSON: Também gostaria de ter
as cópias, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa pede os
apanhados taquigráficos da questão do Ver. Isaac Ainhorn, e pede à Assessoria
da Presidência que providencie cópias para os trinta e três Vereadores.
Em votação o Veto Total ao Proc. nº 0624/91 – PLL
nº 038/91. Para encaminhar, com a palavra o Ver. Lauro Hagemann, por cinco
minutos.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, não quis discutir a matéria, pois já se fazia a arenga muito
comprida a respeito do assunto. Encaminho favoravelmente à manutenção do Veto
do Sr. Prefeito. Na Comissão de Finanças e Orçamento assumi compromisso de
exarar Parecer ao Veto, que foi derrubado pela maioria dos integrantes da
Comissão. Nas razões do Veto, dizia que deve se observar que as destinações de
verbas às entidades assistenciais, dar-se-ão de forma esporádica, visto que
esta destinação somente ocorrerá quando houver parcela da tarifa expressa em centavos,
o que tem sido raro nos últimos anos por causa da persistência da aceleração
inflacionária em nosso País.
Devo dizer, com toda a tranqüilidade, que admiro
muito e respeito a persistência do Ver. Luiz Machado ao apresentar e defender
este Projeto. Mas, a par da sua persistência, da sua idoneidade, da sua vontade
de fazer prevalecer seu ponto de vista, ocorrem fatos concretos, como é o caso
do presente Projeto que resultou, não sei se o Plenário está lembrado, de uma
decisão judicial, que por isso transformou a passagem nesse emaranhado de
cruzeiros e centavos. Foi uma ação do Ver. Wilson Santos, impetrada na Justiça
contra o plus tarifário, que fez com que a tarifa baixasse. O fato é que
nas razões da manutenção do Veto eu digo que: as entidades assistenciais,
esporadicamente terão essa contribuição. Mas, isso aí, convenhamos! Claro que
as entidades vivem num estado de penúria, mas eu acho que a Casa deve encontrar
um outro meio de atender a essas entidades, que não através desse troco, que
isso é quase uma esmola, não é uma questão rigorosa. Eu vou ficar por aqui e
com todo respeito ao Ver. Luiz Machado, eu acho que a Casa vai manter o Veto,
até porque o Prefeito está recusando uma oferta que a Casa lhe fez, de prestar
esse tipo de assistência, com as alegações que ele dá nas razões do Veto, que
são aquelas que já foram trazidas ao Plenário. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Não há mais Lideranças
inscritas para encaminhamentos.
Em votação o Veto Total. Solicito que o Sr. 1º Secretário
proceda à chamada para verificação de "quorum".
O SR. 1º SECRETÁRIO: (Procede à chamada
nominal dos Srs. Vereadores para a verificação de "quorum".)
Há "quorum", Sr. Presidente.
O SR. LUIZ MACHADO: Requeiro votação
nominal.
O SR. PRESIDENTE: A votação é
obrigatoriamente nominal. É exigida maioria absoluta de votos favoráveis para a
aprovação. "Sim" aprova o Projeto, "Não" rejeita o Projeto;
em decorrência, "Sim" rejeita o Veto e "Não", aceita o
Veto.
Solicito ao Sr. Secretário que proceda à chamada
nominal dos Srs. Vereadores para a votação.
O SR. SECRETÁRIO: (Procede à chamada e
coleta os votos dos Srs. Vereadores.) Sr. Presidente, 10 Srs. Vereadores
votaram SIM, 12 Srs. Vereadores votaram NÃO e 04 Srs. Vereadores optaram pela ABSTENÇÃO.
O SR. PRESIDENTE: REJEITADO o Projeto,
mantido o Veto
(Votaram SIM os Vereadores Cyro Martini, Dilamar Machado, Elói Guimarães,
Ervino Besson, Isaac Ainhorn, Luiz Braz, Luiz Machado, Nereu D'Ávila, Vieira da
Cunha e Wilton Araújo. Votaram NÃO os Vereadores Antonio Hohlfeldt, Clovis
Ilgenfritz, Artur Zanella, Décio Schauren, João Motta, José Alvarenga, José
Valdir, Lauro Hagemann, Leão de Medeiros, este com Declaração de Voto, Adroaldo
Corrêa, Heriberto Back e João Dib. ABSTIVERAM-SE de votar os Vereadores Mano
José, Clóvis Brum, Edi Morelli e Vicente Dutra.)
(Obs.: Foram aprovados os Requerimentos
constantes na Ata.)
O SR. PRESIDENTE: Requerimento, de
autoria do Ver. Luiz Braz, para que o Proc. nº 2481 seja votado nesta Sessão.
A Mesa informa V. Exª que os avulsos ainda não
foram distribuídos aos Srs. Vereadores. Por isso, não pode haver votação agora,
Vereador.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, o
Requerimento deste Vereador foi para que votássemos a Moção. V. Exª sabe que
esta Moção está esperando apenas que este Parecer seja votado para que ela
receba os votos dos Vereadores desta Casa. Sabe V. Exª, também, muito bem, que
a Cidade cobra de nós, como Câmara Municipal, um posicionamento, sim ou não.
Então, é exatamente isto que encaminho a V. Exª, porque se for feita votação na
semana que vem, não sei se vai ter valia a proposição.
O SR. PRESIDENTE: Nobre Vereador, o
Regimento Interno é muito claro a esse respeito. O Parecer da Comissão de
Justiça só pode ser votado depois de sua distribuição em avulsos aos Vereadores.
Como só recebemos agora, ele só poderá ser votado segunda-feira. E é o que a
Mesa propõe: que se vote segunda-feira, sucessivamente, o Parecer da Comissão
de Justiça e, imediatamente, o Requerimento de Vossa Excelência.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, sem
querer dialogar com V. Exª, até porque nem cabe dialogar com a Mesa, mas apenas
lembrando, Sr. Presidente, que no Parecer da Comissão de Justiça, a Comissão
está pedindo a sustação da distribuição desse panfleto. Se votarmos isso
segunda-feira, nós talvez estejamos votando este Parecer da Comissão de Justiça
quando os panfletos todos já estiverem sendo distribuídos na Cidade e aí
estaremos fazendo uma votação inócua. Eu digo isso porque já conheço o Parecer
da Comissão de Justiça.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente, o Ver.
Luiz Braz, nas prerrogativas de seu mandato formulou um Requerimento sob forma
regimental de Moção. Eu pergunto à Mesa se esta Moção é somente Moção de
Repúdio ou se no bojo da Moção pede alguma outra providência, porque se for só
Moção de Repúdio ou de Apoio, rigorosamente, qualquer interferência da Comissão
de Justiça neste Requerimento do Ver. Luiz Braz está se criando um fato novo na
Casa, porque a Moção é regimental, tem que se encaminhar, independe de parecer
a votação do Plenário. Agora, qualquer manifestação da Comissão de Justiça, se
não for somente Moção, tudo bem. Eu até devo ter me manifestado no Parecer do
Ver. Vicente Dutra. Agora, na Moção eu não sei se determinava alguma sanção ao
Prefeito.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Clóvis Brum, o
Requerimento original do Ver. Luiz Braz é apenas uma Moção de Repúdio. Houve
Questão de Ordem do Ver. João Motta pedindo o envio à Comissão de Justiça. O
que se tem que votar, primeiramente, Vereador, porque ficou suspensa a votação
da Moção, é o Parecer da Comissão de Justiça. Após o Parecer é que se pode
votar a Moção, porque foi isso que foi encaminhado. A Mesa apenas tomou
conhecimento da Questão de Ordem, foi para a Comissão de Justiça, há um Parecer
da Comissão de Justiça prévio à própria votação da Moção.
O SR. CLÓVIS BRUM (Questão de Ordem): Sr. Presidente,
chamo a atenção dos companheiros da Comissão de Justiça da Casa, e em especial
do Ver. Elói Guimarães, que foi Presidente da Comissão de Justiça por muitos
anos na Casa, de que uma Moção, Requerimento que deveria ser votado na reunião
seguinte à sua apresentação, se não, junto com os demais Requerimentos datados
da mesma data, criou um problema que agora a Moção, que tem o objetivo de
repudiar ou aprovar, em decorrência de um Parecer da Comissão de Justiça,
torna-se num Pedido de Providência e com uma decisão até bastante perigosa,
porque a Moção do Ver. Luiz Braz não recomendava que o Executivo tomasse esta
ou aquela providência, e a Comissão de Justiça nem proibia nada, era uma Moção
de Repúdio, já tinha que ter sido votada. Se nós, para votar esta Moção de
Repúdio, tivermos que votar o Parecer da Comissão de Justiça, nós estamos
criando um precedente gravíssimo, porque estamos colocando dentro da proposta
regimental do Ver Luiz Braz, uma coisa que o Ver. Luiz Braz não pediu, não
solicitou, e ao não votar a Moção estamos procrastinando, nem regimentalmente,
estamos procrastinando violentamente, arbitrariamente um Requerimento normal
que já tinha que ter sido votado.
O SR. VICENTE DUTRA (Questão de Ordem): Foi à Comissão
de Justiça o Requerimento do Ver. João Motta, requerendo a verificação por
parte da Comissão de Justiça, e havia um enquadramento do Sr. Prefeito em crime
de responsabilidade no tocante à edição desse folheto. A resposta da Comissão
de Justiça, aprovando o Parecer de autoria deste Vereador, foi que não havia,
pelo menos aparentemente, nenhum enquadramento do Sr. Prefeito. Então, a
resposta à indagação do Ver João Motta foi respondida. Ocorre que este Relator,
ao examinar mais profundamente a matéria, entendeu de avançar um pouco mais e
sugeriu à Comissão, quando o seu Parecer foi aprovado, de que este material
tivesse sustado a sua distribuição até que se verificasse na justiça a sua
validade como peça de propaganda. Por isso a Comissão pode fazer, à medida que
ela pode entender que a matéria é lesiva à moral, à educação, enfim, nesse
sentido nós avançamos um pouco.
Acho que
a Moção de Repúdio, Ver. Luiz Braz pode tramitar, pode ser votada na medida que
aquela questão levantada pelo Ver. João Motta está respondida, não há nenhum
impedimento, não há nenhum enquadramento do Sr. Prefeito. Agora, acho também
que como a Comissão votou pela sustação da distribuição do documento, da
urgência, nós temos que votar, senão vai perder o seu efeito. A Casa tem que se
decidir a respeito.
O SR. JOÃO MOTTA (Questão de Ordem): Vou apresentar
concretamente uma sugestão alternativa, na medida em que acho que as Questões
de Ordem refletem, em parte, questões corretas. Portanto, acho que não seria o
caso de a gente, por um lado, aplicar rigorosamente o que prevê o Regimento, na
medida em que acho que há a possibilidade de se antecipar. Nem, por outro lado,
fazer com que esse Processo fique sem definição de data para a votação a esta
decisão, à qual me curvei na Comissão de Justiça, embora tenha posicionamento
contrário e pretendo me manifestar, na discussão, quando essa ocorrer,
argumentando sobre a inconstitucionalidade da manifestação, como foi feita, da
Comissão de Justiça, até por que já existe, por parte do Ver. Omar Ferri, todo
um procedimento jurídico que está sendo discutido pelo Judiciário.
Portanto, a minha sugestão concreta, atendendo,
inclusive, essa preocupação do Ver. Luiz Braz, que acho que está correta, e
tendo em vista essa resolução da Comissão de Justiça, é que a gente assuma,
aqui, o compromisso político de votar essa Moção, e, se for o caso, esse
Requerimento da Comissão de Justiça na próxima Sessão, de sexta-feira, para não
haver o prejuízo argumentado pelo Ver. Luiz Braz, mas não hoje, justamente para
oportunizar uma discussão mais completa sobre o tema, que é complexo e que
merece da Casa mais atenção. Acho que, assim, poderíamos tomar uma decisão mais
amadurecida, na próxima Sessão.
O SR. CLÓVIS BRUM (Questão de Ordem): Não havia ainda
refletido com mais profundidade sobre o assunto, mas estamos criando um
precedente inédito, perigoso. O Ver. João Motta, oportuna e regimentalmente,
formulou uma Questão de Ordem, correta, que deveria ter sido enviada à Comissão
de Justiça, e a Comissão de Justiça mandou à Casa, que tem que ser incluído na
Ordem do Dia, com toda a transparência e correção com que a Mesa está se
portando, incluído na Ordem do Dia, com o devido anúncio, tudo certo.
Acontece que não se pode sujeitar a votação de
uma Moção de Repúdio, ou de Solidariedade, uma manifestação da Comissão de
Justiça. A Comissão de Justiça está se manifestando rigorosamente, respondendo
à Questão de Ordem do Ver. João Motta, que nada tem a ver com a votação da
Moção de Solidariedade ou com a Moção de Repúdio. É isso que nós temos que
deixar claro, sob pena de cada vez que um Vereador apresentar uma Moção de
Solidariedade ou de Repúdio, um Vereador, para procrastinar, pedir recurso à
Comissão de Justiça. Não! A votação da Moção tem que ocorrer; agora, a votação
do Parecer à Questão de Ordem do Ver. João Motta, que é outra proposta, esta
sim tem os trâmites regimentais resguardados pelo Regimento Interno. Mas eu
apelo à Mesa para que coloque em votação agora, na hora dos Requerimentos, o
Requerimento do Ver. Luiz Braz, sob forma de Moção apresentada já em data
anterior.
O SR. LUIZ BRAZ (Questão de
Ordem): Sr. Presidente, talvez seja até no mesmo sentido que fala o Ver. Clóvis
Brum, neste instante, de que nós pudéssemos fazer a votação da Moção, que já
foi apresentada há vários dias à Mesa, mas, também, solicitando à Mesa que a
própria decisão da Comissão de Justiça possa também ser votada pelo Plenário,
já que essa decisão da Comissão de Justiça pede a sustação da distribuição dos
panfletos. E se nós procrastinarmos essa votação, nós estaríamos, talvez,
tornando inócua essa votação.
O SR. JOÃO MOTTA (Questão de
Ordem): Sr. Presidente, eu estou perplexo diante da afirmação do Ver. Clóvis
Brum. Ele sabe mais do que eu, pois já tem três mandatos, que todo processo que
é remetido para uma outra instância, que não o Plenário, no caso concreto a
Comissão de Justiça, é óbvio que susta a tramitação de um projeto. Portanto,
não dá para embutir dentro desse efeito regimental o possível objetivo obscuro
do Vereador, que faz esse tipo de encaminhamento. E eu aprendi muito isso com
V. Exª, Vereador, quero registrar com toda sinceridade e com todo respeito que
tenho por Vossa Excelência. Tanto é verdade que já estou pensando num outro
mecanismo para fazer esse debate, no caso de se levantar a votação desse
Requerimento como V. Exª está propondo hoje, porque pelo Regimento, eu acho que
a Mesa tem razão. E, aí, vou me socorrer da Auditoria e, se for o caso,
novamente da Comissão de Justiça. Esse é um direito do Regimento que eu aprendi
muito nessas discussões de Plenário. Portanto, eu reforço a minha proposta: eu
acho que a gente poderia chegar a um acordo e votar tranqüilamente esse
Requerimento na sexta-feira, sem problema nenhum, através de um acordo político.
O SR. PRESIDENTE: Srs.
Vereadores, a Mesa suspende os trabalhos para recolher o restante do apanhado
taquigráfico e ter ciência se o Presidente dos trabalhos, na ocasião, deu
efeito suspensivo ou não. E apenas orienta o Plenário que o Processo é um só e,
como tal, tramitou, inclusive sem ter sido este o Presidente na ocasião.
Estão suspensos os trabalhos da presente Sessão.
(Suspendem-se os trabalhos às 16h53min.)
O SR. PRESIDENTE (às
17h11min): Estão reabertos os trabalhos da presente Sessão.
A Mesa fez consulta aos apanhados taquigráficos e
encontrou a manifestação explícita do Ver. Luiz Braz, no seguinte teor: (Lê.)
"Sr. Presidente, como autor da Moção de Repúdio que ora estamos votando
quero dizer que me manifesto favoravelmente a essa intenção da Bancada do PT de
que a Comissão de Justiça possa opinar, primeiramente, antes que o Plenário o
faça".
De fato, a Comissão de Justiça fez sua
manifestação, que consta do Processo. O Requerimento do Ver. João Motta não
fala em efeito suspensivo. O deferimento do Presidente dos trabalhos, na
ocasião, Ver. Airto Ferronato, também não falou em efeito suspensivo.
Portanto, nesse sentido, a Mesa acolhe a Questão
de Ordem do Ver. Clóvis Brum e orienta a Diretoria para, em primeiro lugar,
separar o Processo nº 2481 em dois processos; um que é estritamente a Moção de
Repúdio, com as peças que foram incluídas: xerox do folhetim da Secretaria,
Requerimento do Vereador Motta, declaração de votos e, em separado, que se faça
outro processo, que será o processo do Parecer propriamente dito, da Comissão
de Justiça, atendendo especificamente à Questão de Ordem e que será votado,
como ocorre normalmente, com distribuição em avulsos, 48 horas antes, etc.,
como diz o Regimento. Nesse sentido, a Moção como tal, o Requerimento que
recebeu o nº de Processo 2481 se torna independente e, portanto, não necessita
das 48 horas de distribuição anterior. Esta a decisão da Mesa.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente,
torno público os meus cumprimentos pela maneira justíssima como a Mesa norteou
esta matéria, porque dela poderia decorrer um precedente muito grave.
O SR. PRESIDENTE: Obrigado, Ver.
Clóvis Brum. Ver. Luiz Braz, algum óbice a esse encaminhamento que a Mesa dá?
O SR. LUIZ BRAZ: Não, acredito
que a Mesa agiu com correção.
O SR. PRESIDENTE: Obrigado,
Vereador. A Mesa deixa claro que não abrirá mão do cumprimento do Regimento
Interno no que tange.
A Mesa havia deixado, e pede que a taquigrafia
faça o registro, de ler a Declaração de Voto do Ver. Leão de Medeiros, em
relação à votação anterior. E, evidentemente, por obrigação o faz agora. (Lê.)
“Declaração de Voto
Quando da votação do Projeto, votei
contrariamente à pretensão legislativa do nobre Ver. Luiz Machado. Na discussão
do Veto Total não surgiram argumentos novos que justificassem a modificação do
meu entendimento original.
Voto, pois, pelo acolhimento do Veto, rejeitando
o Projeto.
Sala das Sessões, 16/10/91.
(a)
Ver. Leão de Medeiros.”
O SR. LUIZ BRAZ: Faço um Requerimento
à Mesa, já que V. Exª tomou esta posição de votar a Moção no dia de hoje, que,
dentre os Requerimentos, esta Moção possa estar em primeiro lugar.
O SR. PRESIDENTE: Já está
encaminhado neste sentido, Ver. Luiz Braz.
O SR. 1º SECRETÁRIO: Requerimentos
sobre a mesa, por absoluta ordem de precedência, lembrando que o Requerimento
aprovado pelo Plenário é de que, se algum deles for requerido por destaque,
será votado ao final da Ordem do Dia de hoje. O Presidente lembra que será
votado um a um, portanto será enfrentado cada um.
Sobre a mesa Requerimento do Ver. Luiz Braz, nº
264, requer manifestação de Repúdio à Administração Popular, pela veiculação do
panfleto da Associação contra a Aids incentivando o uso de drogas e facilitando
o aumento do seu consumo pela população.
O SR. ADROALDO CORRÊA
(Questão de Ordem): Sr. Presidente, gostaria de solicitar verificação
de “quorum”.
O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Sr.
1º Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para
verificação de “quorum”.
O SR. 1º SECRETÁRIO: (Procede à
verificação de “quorum”.) Sr. Presidente, há 16 Srs. Vereadores em Plenário.
O SR. PRESIDENTE: Não há
“quorum”. Encerramos os trabalhos da presente Sessão.
(Levanta-se a Sessão às 17h30min.)
* * * * *